sábado, 12 de junho de 2010

A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS


Muitas notícias circularam nas últimas semanas, desde as sanções internacionais ao Irã ao possível veto presidencial ao reajuste dos aposentados. Mas o que fez fincar o meu olhar na página do jornal foi justamente a notícia de que tramita na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado um projeto de lei que prevê pena de 01 a 03 anos para quem for flagrado pedindo dinheiro para vigiar veículos dentro do espaço público.

Não que essa criminalização me lave a alma, afinal, sabemos que a lei pela lei não resolve as nossas chagas sociais mais escancaradas. Mas confesso que fiquei levemente satisfeito pela queda do encanto letárgico e tolerante que recaía sobre esse assunto. Finalmente, esse problema social está pelo menos sendo discutido pelos "nossos escolhidos" do Congresso Nacional. Contudo, não sei exatamente se este empenho neste debate social está na pauta dos nossos vereadores, mas gostaria muito de saber, afinal, a questão dos flanelinhas envolve interesse local, da nossa municipalidade.

Deste modo, a minha satisfação não é de cunho reacionário, pois sei que governar não é sinônimo de criminalizar. Mas, pelo menos, o debate foi semeado e precisa ser difundido ainda mais. Ora, todos que detemos veículo, um dia fomos abordados e coagidos com ameaças e desaforos. Ou seja, todos já nos sentimos tolhidos e cerceados dentro do próprio espaço público. Esclareça-se, contudo, que não são todos os guardadores que se utilizam desses expedientes crus de abordagem. Alguns (poucos) são adeptos da cortesia, virtude que independe de qualquer faixa social.

Abro um parênteses para constatar que uma coisa é certa: já se foi o tempo em que a maioria dos flanelinhas pediam para vigiar o veículo. Hoje uma considerável parcela já se impõe como autênticos posseiros do meio-fio e loteadores do asfalto. Eles já emitem "cupons" de cinco, dez e quinze reais, conforme a ocasião. Os tributaristas mais gozadores poderiam até dizer que essas cobranças dos flanelinhas seriam um bis in idem do IPVA já cobrado pelo Poder Público.

Esclareça-se também que essa pequena pílula de opinião não se trata de papo de "pequeno burguês revoltado com a importunação da patuléia". Pondero esse assunto como sério e amplo. As linhas de financiamento e facilidades fiscais proporcionaram que uma margem gigantesca da população nacional hoje possa acessar o seu veículo zero. Então, esse é um assunto que interessa a rigorosamente todos, inclusive aos próprios flanelinhas.

Portanto, o debate, principalmente, em nível local (que vejo muito pouco intenso no seio da população, Prefeitura e Câmara) é obrigatório. Urge que esses debates culminem em soluções efetivas.

Por exemplo, é preciso que se conheça de perto essas pessoas que se intitulam flanelinhas. Eles precisam ser mapeados e entrevistados um a um com muita sensibilidade social. Precisa-se saber se eles realmente anseiam por uma ocupação que implique efetiva prestação de serviços à coletividade. Perdoem-me a sinceridade, mas ninguém me convence que na atividade dos guardadores há alguma prestação de serviços efetiva, a não ser que o dono do veículo a deseje inequivocamente, sem coações e intimidações.

Outra providência é incutir a concepção de que essa atividade é irregular e desnatura o espaço público. Nesse sentido, é preciso atrair essas pessoas para a formalidade, através de programas de qualificação amplos que não só atinjam as suas potencialidades, mas que também aproveitem a fase de expansão de dados setores da economia. Não estamos passando por um "boom" na construção civil? Por que não atrair, qualificar e aplicar essa farta mão de obra ?

No meio de tudo isso, é preciso que as Prefeituras ocupem ostensivamente todos os espaços públicos se façam notadas realmente. Afinal, a lição é caduca de tão velha: é dos vazios institucionais que surgem as nossas mais francas mazelas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

DICAS DE LITERATURA INFANTIL


Literatura infantil não é algo fácil de recomendar. Este ainda é um terreno inseguro para mim. Afinal, de uma certa forma fui "engolido" pela vida e pelas responsabilidades e, lamentavelmente, acabei sendo talhado para ter uma visão muito adulta das coisas. Mas depois que fui presenteado pelo próprio autor, o escritor e consultor literário Márcio Vassallo, senti-me desafiado a falar um pouco deste livro tocante e bem feito. Ele se chama "Da minha praia até o Japão" (Ed. Global).


Ouso recomendar a leitura por dois motivos bem simples: 1) é sempre bom lembrar como é ser criança; 2) é sempre saber pensar como uma criança. É importante esse trabalho de reeducação e redescoberta do encantamento das coisas.


Dentro de uma óptica mais imediata, este livro narra através de excelentes gravuras um singelo passeio de um pai e um filho pequeno na praia. Mas um monte de coisas estão presentes neste pequeno passeio, principalmente na visão de uma criança.


O texto é pura poesia impregnada de imaginação infantil. Um adulto, dentro da sua dura visão pragmática, pode, num primeiro momento, não ver sentido na construção deste universo infantil tão particular. Na imensidão da praia, a criança monta um mundo pararelo todo seu.


Achei muito bonito o resgate pelo livro da relação de admiração de um filho pelo pai, coisa que vem se perdendo tanto num mundo tão ocupado e cheio de atribulações. Ao invés do filho citar um ídolo do High School Musical ou do futebol, ele cita simplesmente o seu pai como referência. O pai simplesmente basta para o filho. Ele é o ídolo.


O que me chamou a atenção também foi a proposta dada pelo autor de resgate da simplicidade para a criação de um filho. O aguçamento da imaginação de uma criança através de um simples passeio na praia é uma diversão gratuita. O pai não precisa tirar um tostão do bolso, basta tempo e imaginação junto com o filho. VALE LER, NÃO APENAS QUEM É PAI, MAS QUEM ESQUECEU O QUE É SER CRIANÇA.


Um abraço






segunda-feira, 7 de junho de 2010

Contos Cruéis


No final do ano passado, lancei o meu primeiro filho literário, institulado "Contos Cruéis". Trata-se de uma coletânea de 8 pequenas histórias escritas por mim nos últimos dez anos. São contos de naturezas inteiramente diversas, mas que possuem uma costura comum: as dificuldades do gênero humano e não-humano ao se confrontarem com espirais de situações que muitas vezes não conseguem entender, lidar ou mesmo vencer.

Este livro foi editado pela Café e Lápis Editora, comandada pelo Claunísio e Germana Carvalho, dois talentos promissores no ramo editorial maranhense, que recomendo a todos que desejam ver os seus sonhos literários realizados.


Quem quiser informações sobre críticas e informações sobre o livro pode consultar a net nas seguintes páginas:

www.exkola.com.br/scripts/noticia.php?id=32775531

joseneres.blogspot.com/.../os-contos-crueis-de-bruno-tome-fonseca.html

Quem desejar adquirir, pode encontrá-lo na Livraria do Advogado (Tropical Shopping), Livraria Poeme-se (Projeto Reviver), Livraria Vozes (Rua do Sol) ou por no telefone 98 96072211. Você pode também usar a internet como ferramenta de compra através do site www.estantevirtual.com.br/Bruno+Tome+Fonseca?alvo=autortitulo.

Abraços

DICAS DE FILMES


Vez ou outra neste blog, ouso conferir alguns dicas de filmes. Não há critério de indicação. Apenas assisto ou volto a assistir algum filme e avalio se vale a pena compartilhá-lo. Ontem, assisti mais uma vez, o grande filme "Táxi Driver", de Martin Scorsese.

Este filme eu vi pela primeira vez na Globo de madrugada, voltando de uma balada noturna. É um filme da década de 70 (se não me engano, de 1976) e um tanto quanto forte. A Globo acabou relegando-o (injustamente) às madrugadas esticadas do "Corujão" (uma pena). Desde a primeira vez que o vi, fiquei louco pela estética e pela sua história, aparentemente sem rumo (aparentemente).

Caso optemos analisar este filme sob uma perspectiva conjuntural, podemos dizer que a obra de Scorsese (diretor) e Schrader (roteirista) é uma crítica subliminar à Guerra do Vietnã e os restos por ela deixados em cada esquina das grandes cidades americanas, no caso do filme, Nova York. Apesar dessa sugestão, não há nada panfletário no filme (graças a Deus), mas sim uma linguagem fortíssima e um visual duro, de cores fortes.

Nota-se pela janela do táxi do personagem principal, a enorme degeneração reinante, com personagens zanzando madrugada adentro. Também percebe-se logo a descrença como ideologia matriz. Essa descrença política e social perpassa o filme quase todo e acaba sendo muito bem representada na passagem em que Travis, personagem principal, defendido de corpo e alma por De Niro, conversa com um presidenciável que entra no seu táxi. O candidato pergunta o que mais incomoda o taxista no seu dia-a-dia. Travis dá uma resposta contundente, que deixa o político desconcertado e sem soluções fáceis para dar: "Acho que é preciso limpar essa cidade. Parece um esgoto. É cheia de sujeira, de escória".

Evidentemente que o "lixão" referido por Travis é o social, o racial.

O Travis interpretado por Robert De Niro é um atormentado. A base do seu tormento é a confusão das suas idéias que se misturam ao caos novaiorquino em que vive no pós-Guerra do Vietnã. Esse personagem é muito complexo e instigante. Em alguns momentos, ele apenas deseja "organizar" a sua vida ao lado da bela mulher dos seus sonhos (representada no filme por Cybill Shepperd). Em outros, tomado pela cólera, Travis almeja limpar toda a sujeira da cidade. Para esse fim, ele passa a ignorar o individualismo do seu umbigo e volta as suas forças desenfreadas para ajudar uma prostituta infantil que encontra na madrugada. A personagem de 12 anos, interpretada por Jodie Foster, é explorada por toda escória odiada por Travis: cafetões e donos de quartinhos de quinta categoria alugados exclusivamente para fins libidinosos. Ali está a chance de Travis limpar a sujeira de Nova York, nem que seja através de um banho de sangue.

Quem será que triunfa no final, o "torto" personagem (que escreve a sua história por linhas tortas) ou o duro status quo?

Ouso dizer que em poucos momentos do cinema, as neuras de um artista foram tão escancarados na tela quanto em "Táxi Driver". Scorsese, De Niro e Schrader destilaram a complexidade das suas mentes sujas e geniais nesta obra-prima. VALE VER.

domingo, 6 de junho de 2010

O FIM DA ERA MEDIEVAL

Olá, comunidade infindável da internet...

Calma, apesar do título das postagem, não se trata de uma aula de história!

Depois de um período medieval sem conhecer a poderosa ferramenta chamada "blog", renuncio a todas às amarras e anuncio-me nesta nova linguagem. Confesso que as minhas mãos estão tremendo nas teclas e que piso em ovos a cada frase. É assim mesmo: incorro no velho lugar comum de estar ingressando rumo ao "desconhecido". Em contrapartida, eu estava cansado de ouvir que todo mundo tem um blog, menos eu...CHEGA!

Hoje é um dia histórico para mim, acreditem!

Um grande abraço,
BRUNO TOMÉ FONSECA